Inclusão


INCLUSÃO

"Que medidas posso tomar quando recebo um aluno com deficiência em uma turma numerosa?"

"Conseguir junto à Secretaria de Educação a diminuição do número de alunos na sala e um educador auxiliar é um apoio fundamental. Esses recursos permitem atender não só os alunos que têm NEE mas também toda a turma de maneira mais efetiva." Sueli Alves, professora da EMEB Helena Zanfelici da Silva, em São Bernardo do Campo, SP.
Ainda não existe uma lei nacional que obrigue a redução de alunos em classes que tenham crianças com NEE. Em algumas Secretarias de Educação, entretanto, isso já ocorre, como na de Cuiabá e na de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo - nesta, a lista de chamada pode ter cinco nomes a menos. Por isso, a primeira coisa a fazer é verificar se a Secretaria de Educação a que você está vinculado é uma delas.
A professora Sueli Alves, de São Bernardo do Campo, foi beneficiada pela medida. Na EMEB Helena Zanfelici da Silva, onde ela leciona, as salas têm em média 30 estudantes e a dela, um 2º ano, tem 23 - três deles com NEE. Por causa de Ageu Soares de Oliveira, 9 anos, autista, ela também tem o auxílio de uma estagiária de inclusão, Leda Aparecida da Silva Costa, solicitada à rede. "Ele precisa de alguém que incentive sua comunicação e o ajude no trabalho com os colegas. Essa educadora contribui para tornar efetiva a participação dele em todas as atividades", explica Sueli. "Com a parceria, aos poucos, conseguimos que ele se interessasse mais pelos conteúdos e passasse a interagir com os outros estudantes." Após o rearranjo, a professora conseguiu potencializar o trabalho, do planejamento à realização das tarefas em classe. "Agora tenho mais tempo para organizar a turma e observar as dificuldades de cada um mais de perto."
Ter o tamanho da turma reduzido e contar com um auxiliar é um benefício essencial para que a Educação inclusiva funcione. Infelizmente, muitas vezes é difícil e demorado obter isso junto às redes. "Nos locais em que essa não é realidade, o professor costuma se sentir sozinho em sala de aula", afirma Sonia Casarin, docente da pós-graduação em Educação Inclusiva do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, em São Paulo. Em casos como esses, que ainda são maioria, a especialista sugere dividir a sala em grupos produtivos, aproveitando a competência de cada um. "Ao colocar para trabalhar juntos alunos com saberes diferentes, é possível beneficiar todos, e não somente os que têm NEE", afirma Sonia.


Leia a reportagem completa em:


Diferentes deficiências

Deficiência intelectual
Repetir atividades no cotidiano ajuda as crianças a compreender as noções de tempo e de espaço.

O ritmo de aprendizagem das crianças com deficiência intelectual costuma ser mais lento que o dos colegas. Isso não impede que as atividades propostas sejam igualmente desafiadoras. Quanto mais chances a criança tiver de explorar o ambiente, os objetos e conhecer os hábitos e tradições do grupo em que vive, mais chances ela terá de compensar suas desvantagens e de desenvolver suas habilidades.
Compreender as noções de tempo e de espaço pode ser algo complicado para esta criança. Desenvolva muitas experiências para que ela vivencie situações variadas. Tudo o que pode ser visto e que faz parte do cotidiano se torna mais palpável para a criança com deficiência intelectual. Se necessário, repita atividades no dia a dia e confira pequenas responsabilidades à criança para que ela seja, de fato, parte do grupo e tenha suas aprendizagens garantidas.
A fala também pode demorar mais que o habitual para se desenvolver. Utilize placas com imagens dos objetos e palavras que indiquem ações rotineiras como comer, beber, fazer xixi etc. Assim a criança terá mais autonomia para indicar suas necessidades.
Outra recomendação é montar um caderno de registros com os avanços e as dificuldades da criança, que deve ser compartilhado em conversas periódicas com os pais ou responsáveis. Isso vai ajudá-lo a entender o ritmo do pequeno e a propor atividades adequadas para ele.
É importante lembrar que, dependendo do grau de deficiência intelectual da criança, alguns problemas de mobilidade e de agressividade podem aparecer. Em alguns casos, um auxiliar, que serve como cuidador, acompanha a criança durante a rotina, ajuda nas idas ao banheiro ou a traz de volta para a sala quando foge. Nessas situações, tenha a devida compreensão com as condições da criança, mas não deixe de mostrar a ela que precisa ter um comportamento de estudante, assim como os colegas. Aos poucos, e se bem estimulada, a criança vai compreender que precisa aprender junto da turma.


Deficiência visual
Cheiros, texturas, sons e descrições dos colegas ajudam a criança a perceber o ambiente

Se a criança não pode enxergar, ela precisa experimentar outras formas que a faça perceber o mundo ao redor. Afinal, crianças com deficiência visual não têm nenhuma deficiência cognitiva. Ter uma escola fisicamente adaptada - com rampas, piso tátil e sinalização em braile ajuda na mobilidade da criança. Uma boa conversa com os pais, para saber quais são as habilidades que o pequeno já desenvolveu também é essencial para planejar o trabalho com natureza e sociedade na pré-escola.
Nas atividades de exploração, ofereça uma multiplicidade de cheiros, formas, sons e texturas para que a criança aprenda sobre as propriedades dos diversos objetos. Nas rodas de conversa, estimule que a criança conte para os colegas como perceber uma determinada planta ou animal. Descrições feitas por você ou pelos colegas sobre os espaços e objetos ou sobre o comportamento dos animais em uma ida ao zoológico, por exemplo, também contribuem muito para que o pequeno aprenda a atribuir qualidades para as coisas e, consequentemente, ampliem seu repertório. O contato com o braile nas atividades de desenho, pesquisa e leitura é essencial. Mesmo que a criança ainda não saiba ler, é imprescindível que tenha familiaridade com esse sistema de escrita antes de ingressar no 1º ano.


Deficiência auditiva
Estimule o aprendizado de libras e invista em recursos visuais e táteis
Estímulos visuais e táteis vão ajudar a criança com deficiência auditiva a perceber os objetos e o ambiente na pré-escola. Trabalhe com cores e materiais variados e elabore cartazes com imagens e instruções de passo a passo para a realização das experiências, que vão ser úteis para fixar algumas aprendizagens. Respeite, também, o ritmo de aprendizagem desta criança, que pode ser um pouco mais lento que as demais.
Contar com um intérprete de libras na sala de atividades também é muito importante para que a criança aprenda a língua de sinais. Se a criança tiver uma perda auditiva severa, tentar oralizá-la não é uma boa solução. Fale pausadamente e olhando para a criança para que ela possa aprender a fazer a leitura orofacial (do rosto e dos lábios) e oriente os colegas a fazer o mesmo. Trabalhar alguns sinais do alfabeto em Libras com a turma toda também pode ser uma boa ação para que essa criança avance na comunicação com os colegas e vice-versa. O respeito à diversidade é um dos objetivos do eixo natureza e sociedade e o aprendizado de libras pode resultar em um excelente projeto institucional para as turmas de 4 e 5 anos.


Deficiência física
Uma estrutura acessível permite a exploração dos ambientes

Uma pré-escola adaptada, com rampas, portas amplas, banheiros adaptados e corrimãos, é fundamental para o desenvolvimento das crianças com mobilidade reduzida. Oferecer à criança com deficiência física acesso a todos os espaços da escola é imprescindível para que possam explorar o ambiente e os objetos.
As crianças com deficiência física nos membros inferiores contam com a sua ajuda e a dos colegas que podem se revezar para empurrar a cadeira de rodas em algumas atividades de passeio, por exemplo. Em algumas brincadeiras, nas rodas de conversa e em outras atividades realizadas em sala, a criança pode ficar no chão e explorar os objetos colocados ao seu alcance. É importante que os colegas fiquem na mesma altura que a criança com deficiência física, para que possam interagir em condições semelhantes.
As crianças com deficiência física nos membros superiores também são auxiliadas por você e pelos colegas para ter acesso aos objetos e aos brinquedos. Você pode utilizar suportes para fixar alguns objetos à mesa e permitir que a criança os segure. Também é possível estimular que elas usem outras partes do corpo - como os pés ou a boca - para explorar os espaços.
Mas vale lembrar: desde muito cedo estas crianças precisam ser estimuladas a tentar fazer as coisas por si, e só pedir ajuda quando for realmente necessário. Assim como os colegas, elas precisam perceber o mundo ao redor, encontrar explicações para os fenômenos e experimentar diferentes situações com a maior riqueza possível.




                                        
                                       Autismo Infantil



Inclusão Total e Alunos com Autismo
Full inclusion and students with autism
Journal of Autism and Developmental Disorders,Vol. 26, Nº3, 2005.

A definição de inclusão total varia. No entanto, o conceito fundamental é de que alunos com  necessidades especiais podem e precisam ser educados no mesmo contexto que seus colegas  com desenvolvimento típico, com serviços de apoio adequados ao invés de serem  simplesmente colocados em salas ou escolas de educação especial.
Há um modo de pensar importante que diferencia a integração e movimentos semelhantes,  da inclusão.  No caso da integração, pensava-se que os alunos deveriam ter na escola o  ambiente de educação especial como sua base educacional e que periodicamente, quando os  educadores achassem que eles seriam bem sucedidos, poderiam ser inseridos em ambientes  de educação regular. Na inclusão total pensa-se na sala de aula de ensino regular como sendo  a base educacional e não uma colocação a ser adquirida por mérito.
De acordo com aqueles favoráveis a inclusão total, os seus benefícios são: ampliação das  expectativas dos professores em relação ao potencial de aprendizagem dos alunos incluídos;  modelação de comportamento pelo dos colegas normotípicos, mais aprendizagem, mais  autoestima, mais atitudes acolhedoras por parte dos colegas, menos isolamento e menos  estigma para os alunos com comprometimentos e suas famílias.
Com frequência, no caso da educação, o movimento filosófico da inclusão total precede o  estudo sistemático de suas hipóteses e eficácia. E embora existam poucos estudos desta  ordem, da inclusão total em si, existem diversos estudos que abordam conceitos e elementos  relacionados à inclusão total, como os efeitos de salas segregadas ou integradas. No entanto,  a maioria das pesquisas não teve como foco alunos com autismo e sim alunos com problemas  de aprendizagem em geral.
Entre 1981 e 1996 foram levantados estudos (nos EUA) abordando a questão de inserção de  alunos nas salas de aula de forma especial ou regular. Devido à diversidade dos contextos e  em diferentes aspectos do desenvolvimento não foi possível perceber claramente um apoio ou  não à inclusão total. Foi possível perceber algumas tendências sutis em que os programas de  integração são mais favorecidos do que os de segregação, que embora com bastante  diversidade, houve fortes indicações de que alguns alunos se beneficiam mais através de  programas segregados parcial ou integralmente que de ambientes inclusivos. Percebe-se  também que os alunos com comprometimentos leves e com menos comportamentos-problema  são os que obtêm maior benefício dos ambientes mais integrados.
Quando se pensa em educar alunos com autismo, um pré-requisito é se se terá  compreensão dos comprometimentos peculiares cognitivos, sociais, sensoriais e  comportamentais que caracterizam os Transtornos Globais do Desenvolvimento. Tais como:
• Habilidades de linguagem desorganizadas e limitadas;
• Processamento sensorial atípico;
• Dificuldade em combinar ou integrar ideias;
• Dificuldade em interpretar o significado ou relação subjacente de eventos que  experienciam;
• Resistência à falta de previsibilidade e à mudança.
 Os alunos com autismo precisam desenvolver o aprendizado em ambientes estruturados de  acordo com as suas necessidades para minimizar o efeito de seus comprometimentos e  possibilitar que as informações lhes sejam apresentadas de uma forma compreensível para  eles. Muitas técnicas tradicionais utilizadas na educação regular são um tanto quanto  ineficazes para alunos com autismo. Mais especificamente, não é muito produtivo, o ensino  baseado na fala ou verbalização de materiais, por exemplo, pelo comprometimento significativo  da linguagem apresentado por alunos com autismo, entre outros comprometimentos. Outro  aspecto como a modelagem de comportamentos pelo dos colegas pode não trazer muitos  resultados visto que alunos com autismo têm habilidades de imitação relativamente pobres.  Ou no caso de recompensas como elogios, que eles não compreendem ou são  insignificantes para eles. Apesar de tais aspectos serem inerentes ao autismo, isto não significa  que alunos com autismo não possam aprender, significa que para aprender precisam de  planejamento individual e de técnicas especializadas.
Além das salas de ensino regular não conseguirem se ajustar às necessidades especiais de  alunos com autismo, o modelo de inclusão total pode limitar a adequação da educação que  estes alunos receberiam através desse modelo.
O primeiro ponto da inclusão total é que o melhor lugar para os alunos é a sala de aula regular.  Muitos alunos com autismo, no entanto, percebem os ambientes diferentemente de alunos com  outros comprometimentos ou dos[alunos] normotípicos. Dos sons típicos de uma sala de aula,  até as figuras e cartazes coloridos, podem ser informações sensoriais excessivas para os  alunos com autismo. A organização física da sala de aula pode ser muito confusa para orientar  estes alunos sobre aonde dirigir-se ou o que deveriam fazer. Além disso, esta sobrecarga de  informações sensoriais pode desencadear crises hetero- e/ou autoagressivas e outros  comportamentos-problema. Isto nos leva a um ponto que sempre deve ser considerado ao  analisar o ambiente de aprendizado para um aluno com autismo - a estrutura. A estrutura do  ambiente deverá propiciar a compreensão de instruções. O ambiente pode ser manipulado  [favoravelmente] das seguintes formas:
• Diminuir os níveis de sons o máximo possível;
• Criar áreas de trabalho isoladas e sem enfeites;
• Criar barreiras físicas que delimitem áreas de trabalho e lazer;
• Elaborar rotinas previsíveis;
• Instruir individualmente ou em pequenos grupos; e
• Apoiar-se na comunicação visual e gestual.
O objetivo da ênfase na estruturação adequada do ambiente é propiciar que os alunos com  autismo alcancem o máximo de independência possível.
Outra questão seria a da aquisição de habilidades sociais. Aqueles que advogam a inclusão  total argumentam que o único jeito de aprender tais habilidades é praticá-las na comunidade.
No entanto, a maioria das pessoas normotípicas não aprende através desse modelo.
Um ponto positivo da inclusão total seria a produção de novos modelos mais adequados de  apoio em salas de ensino regular para alunos que poderiam ter um bom funcionamento em tais  ambientes com o apoio adequado. Não obstante, para muitos alunos com autismo, a inclusão  total limitaria as opções ou possibilidades de educação. Outro ponto seria o fato de que entre  si, os alunos com autismo são bem diferentes (há grandes variações de potencial cognitivo,  alguns são ?explosivos? outros são ?passivos?), ou seja, um único modelo não seria o  suficiente ou compatível com a diversidade desse transtorno entre outros.
Por fim, o efeito geral da inclusão total será perder o continuum de serviços alcançados através  de anos de reivindicação, diminuindo drasticamente ou eliminando completamente as opções  de salas de ensino especial para alunos com autismo. Outra preocupação é de que a inclusão  total, como política, desencoraja explicita e implicitamente o desenvolvimento de abordagens  especializadas, enquanto as características idiossincráticas do autismo fazem com que  especializações sejam essenciais.
 A inclusão total inevitavelmente encoraja estratégias mais  generalizadas ao colocar alunos, independentemente de seus comprometimentos, com  profissionais que precisam trabalhar com uma série de alunos, inclusive alunos  normotípicos. Assim, embora a inclusão total seja plausível, nem a literatura científica ou uma  analise da natureza do autismo apóiam a eliminação de ambientes de aprendizado menores,  altamente estruturados para determinados alunos com autismo.







                                    Família com  2 autistas



                                            
                                    Diferentes gruas de autismo parte 1

                           Diferentes graus de autismo parte 2







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